A Iniciativa Comunidades e Governança Territorial da Forest Trends (ICGT-FT), com o apoio do Greendata – Centro de Gestão e Inovação Socioeconômica e Ambiental como parceiro na operacionalização e gestão, é um dos implementadores da Parceria para a Conservação da Biodiversidade na Amazônia (PCAB) da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e, em parceria com o Parceiros pela Amazônia (PPA), desenvolve o projeto “Nossa Floresta, Nossa Casa – Mosaico Tupi” junto às organizações e iniciativas econômicas de 8 Terras Indígenas (TIs) na Amazônia Brasileira, nos estados de Rondônia e Mato Grosso, sendo elas: Igarapé Lourdes, Kwazá do Rio São Pedro, Rio Branco, Rio Mequéns, Roosevelt, Sete de Setembro, Tubarão Latundê e Zoró.
As TIs que fazem parte do Mosaico Tupi abrangem mais de 21 povos indígenas, falantes de mais de 16 diferentes línguas distintas, sendo a maior parte falante da língua do tronco Tupi. Sendo assim, devido a essa quantidade de povos pertencentes ao tronco Tupi, e ao conceito de mosaico atribuído no sentido da governança, o nome “Mosaico Tupi” foi definido para nossa área de atuação. Atualmente este território vem ganhando novos contornos e conceitos, no contexto de articulações interinstitucionais, como Território Tupi Guaporé.
O principal objetivo do projeto é fortalecer a capacidade dos povos indígenas desse território com área aproximada a 1,5 milhão de hectares, para desenvolver iniciativas econômicas que alinhem a conservação florestal e o fortalecimento das culturas indígenas.
O projeto conta com 3 componentes principais, que foram desenhados a partir de análises participativas com as comunidades, e que levam em consideração a economia indígena e o bem-viver. O componente 1 se baseia no fortalecimento das iniciativas econômicas indígenas, desenvolvendo cadeias de valor da sociobiodiversidade, promovendo assim a geração de renda, e apoiando a implementação de seus Planos de Vida. O componente 2 está relacionado com o fortalecimento da governança econômica territorial, trazendo uma reflexão sobre o equilíbrio entre a economia interna indígena e a economia externa baseada no mercado, de acordo com a Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena – PNGATI. E o componente 3 que visa a articulação e conexão com parcerias comerciais, respeitando os princípios de comércio justo e ético, garantindo assim relações sólidas e duradouras.
Esse trabalho vem acontecendo desde 2019, iniciando com oficinas de codesign junto às Terras Indígenas, que possibilitaram a confirmação das cadeias de valor prioritárias para atuação: açaí, castanha-do-brasil, artesanato e cacau. Atualmente, com o avanço desse processo e aproximação com essas comunidades, estamos desenvolvendo o trabalho com 68 iniciativas, que fazem parte de 41 organizações, formais e não formais.
Mais de 59 oficinas já foram realizadas, incluindo as de codesign e as de avaliação das dinâmicas econômicas das terras indígenas, possibilitando a produção de robustos materiais de referência sobre essas TIs. Após a chegada da pandemia e suas limitações a maior parte do trabalho vem ocorrendo de forma remota, por meio de processos de comunicação virtual com as comunidades, e adaptações de metodologias para avançarmos às novas etapas. A etapa atual de análise estratégica e planejamento dos grupos vem sendo articulada com o início do Programa de Formação em Governança Econômica Territorial, a articulação de novas parcerias comerciais e a manutenção e ampliação dos apoios e investimentos diretos e indiretos às iniciativas econômicas indígenas, garantindo assim o bom andamento do projeto e a relação construtiva e promissora com as iniciativas econômicas de cada TI.